Notinha

E melhor se poderia dizer dos poetas o que disse dos ventos Machado de Assis: "A dispersão não lhes tira a unidade, nem a inquietude a constância". 
Mário Quintana

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Ópio do mundo inteiro

Os doutores diriam que é a mais fina panacéia, os poetas a viria no voar dos pássaros, os insanos em todo lugar e os mais tolos acreditariam. Liberdade. Cravado no dicionário dos Homens se lê: Ausência de condições e de limites. Necessidade, e nesse sentido somente é livre aquilo que é causa de si mesmo. Possibilidade de escolha, sendo assim limitada, condicionada e, portanto finita. Definições dignas de nobres discursos e belas utopias.
Associando-se ao pensamento e considerando este, como e atividade intuitiva, mental ou espiritual, resultando em uma atividade discursiva, revela-se a “liberdade de pensamento” ou em outras palavras: capacidade de explorar, descobrir, coordenar, divulgar e manifestar-se em relação ao que se conhece, pense ou sinta e nesse sentido surge a necessidade ontológica da existência de um ser digno e capaz de tal.
Em relação aos humanos, seres racionais, crescem envoltos em uma bela doutrina que fundamenta a existência real da liberdade de pensamento. Pensam o que querem, mas tornam público somente o que convém. O resto é guardado, a cadeados, nas profundezas do metafísico humano.
Por esta perspectiva, nota-se que a liberdade de pensamento, como todo mecanismo, obedece a uma lógica, não menos fria e calculável do que a dos processos industriais: há uma espécie de “barreira moral” que “seleciona” do conjunto de pensamentos aquilo que se tornará manifesto e o que permanecerá latente. Tal “barreira” baseia-se em influências de cunho cultural e social sofridas pelo sujeito. O limite desse tipo de liberdade é instituído, essencialmente, por aqueles que a inventaram.
Logo, esta liberdade de pensamento no ideal humano não passa de uma frágil quimera, que não resiste à impetuosa força das conveniências, um clichê, que em sua generalidade vazia, impede qualquer contato, de fato, com a condição real de limitações. Essa utopia que consiste na possibilidade de falar abertamente sobre o que se pensa, condiz com a propaganda democrática vinculada, cada vez mais freqüente nos dias atuais, como sendo uma das garantias contra um governo corrupto ou tirânico.
O fato é que a postura adotada consiste, não em expressar o que se deseja, mas sim, em expressar o que se deve, baseando-se em um conceito primitivo: a autoconservação. Não se prefere o direito à liberdade de pensamento do que o direito à vida, escolher o primeiro seria contraditório e irracional. Assim, as conseqüências implicadas no ato de manifestar-se abertamente acerca dos próprios pensamentos, se tornam mais considerados e sujulgam o próprio ato em si, provando a existência nítida de limites na relação de expressar-se.
Sendo assim, o emprego do vocábulo “liberdade” não é coerente e, portanto, “liberdade de pensamento” é algo que somente habita o imaginário e jamais pisou na realidade. Nunca se tornará abusiva, já que nunca sequer existiu.

8 comentários:

Unknown disse...

então...acho q vc exagera um pouco, pode ñ existir a liberdade total, mas dizer q ñ existe nenhuma liberdade é muito difícil...agora eu estou escrevendo isso pq eu quero, eu tenho essa liberdade, é claro q ñ tenho a liberdade para fazer tudo o que quero, pq minha condição de ser humano limita minhas ações...acho q pra ilustrar essa idéia tem uma analogia q eu ouvi uma vez de uma senhora... ela disse q nossa vida é como uma folha de papel, e sendo uma folha ela tem margens, dentro destas margens podemos fazer muitas coisas, temos certa liberdade, mas ñ podemos estrapolar suas margens...daí a liberdade teria limites, mas o fato de ela ter limites ñ significa que ela ñ exista...pensar que ñ existe liberdade nenhuma seria como acreditar que somos controlados por um gênio maligno, e eu ñ acredito muito nisso...mas se bem q pode ser...hehehe

Deborah disse...

"Ser livre é não depender de nada."
Logo... Não somos livres.
A idéia de que o somos é só uma coisa a que nos agarramos para não nos matar...
Eu acho...
Mas, liberdade é um estado de espiríto...
Portanto, a relatividade é absoluta... de novo...
Pantaleão!!!
Adoro as coisas que você escreveee!!!!
>.<
Join!!
Bjão

Anônimo disse...

Os grilhões existem, mesmo que sejam invisivéis.
"temos uma certa liberdade." Meu caro, na minha concepção "certa liberdade" não é digna de ser chamada de Liberdade. Não é plena.
E é isso que eu queria dizer quando escrevi o texto.
Não gozamos, a não ser em sonhos,a liberdade plena. Não me conveceu ao escrever sobre os meus exageros.

Anônimo disse...

Liberdade. Termo complicado que permeia nossas vidas. Mas, vejo uma explicação interessante sobre isso em Spinosa, uma vez que existe a Liberdade do ponto de vista da "substância" (Deus) e os "modos" possuem uma ilusão de liberdade, visto que eles são coagidos... ex: posso mover uma caneta, mas não posso sair voando por uma janela... Segundo Spinosa, tudo está dentro de uma cadeia causal e todo tipo de liberdade só existe na perspectiva da substância; portanto, poderíamos dizer que possuímos, em alguns aspectos, livre-arbítrio e não liberade. E como diria Kant: Liberdade é uma idéia da razão pura, algo Transcendental, um objeto da metafísica (não a tradicional)...

Anônimo disse...

Liberdade. Termo complicado que permeia nossas vidas. Mas, vejo uma explicação interessante sobre isso em Spinosa, uma vez que existe a Liberdade do ponto de vista da "substância" (Deus) e os "modos" possuem uma ilusão de liberdade, visto que eles são coagidos... ex: posso mover uma caneta, mas não posso sair voando por uma janela... Segundo Spinosa, tudo está dentro de uma cadeia causal e todo tipo de liberdade só existe na perspectiva da substância; portanto, poderíamos dizer que possuímos, em alguns aspectos, livre-arbítrio e não liberade. E como diria Kant: Liberdade é uma idéia da razão pura, algo Transcendental, um objeto da metafísica (não a tradicional)...

Pantaleão disse...

Não entendo e não acredito na Liberdade,porque talvés me falte muito dela ainda

Anônimo disse...

o foda é q nós partimos de bases diferentes...pra mim existe liberdade mesmo q limitada...porque pensar em algo no sentido pleno é o mesmo que idealizar, logo A LIBERDADE, O AMOR, A FILOSOFIA...tudo isso são idéias... mas existem liberdades diferentes, amores diferentes e filosofias diferentes...emfim...claro q devemos manter sempre um ideal em meta, mas que nunca os alcaçaremos, acredito que isso seja um fato.

Pantaleão disse...

"Livre para ser o que somos"