Notinha

E melhor se poderia dizer dos poetas o que disse dos ventos Machado de Assis: "A dispersão não lhes tira a unidade, nem a inquietude a constância". 
Mário Quintana

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

ENADE

Estou abrindo um espaço neste blog para publicar uma nota de manifesto feita pelos alunos da Unesp - Campus de Marília, porque acho importante que as pessoas saibam que somos obrigados a fazer a prova sem saber exatamente o que ela ée o que não concordamos nisso tudo.


O ENADE é um instrumento de avaliação do SINAES que busca comparar as instituições do ensino superior. Os alunos da FFC Unesp – campus Marília/SP do curso de filosofia discordam dessa avaliação, pois não há divulgação dos métodos e critérios adotados, o que acarreta na obscuridade de suas finalidades. Neste contexto, mesmo desconhecendo tais finalidades, os alunos são obrigados a realizá-la.Tais condições resultam em um rankeamento dos cursos e de suas instituições, o qual não condiz com a realidade, gerando uma falsa impressão das condições dos mesmos. Diante disso, os alunos propõem uma discussão para uma reestruturação participativa e não autoritária dos instrumentos de avaliação.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Ópio do mundo inteiro

Os doutores diriam que é a mais fina panacéia, os poetas a viria no voar dos pássaros, os insanos em todo lugar e os mais tolos acreditariam. Liberdade. Cravado no dicionário dos Homens se lê: Ausência de condições e de limites. Necessidade, e nesse sentido somente é livre aquilo que é causa de si mesmo. Possibilidade de escolha, sendo assim limitada, condicionada e, portanto finita. Definições dignas de nobres discursos e belas utopias.
Associando-se ao pensamento e considerando este, como e atividade intuitiva, mental ou espiritual, resultando em uma atividade discursiva, revela-se a “liberdade de pensamento” ou em outras palavras: capacidade de explorar, descobrir, coordenar, divulgar e manifestar-se em relação ao que se conhece, pense ou sinta e nesse sentido surge a necessidade ontológica da existência de um ser digno e capaz de tal.
Em relação aos humanos, seres racionais, crescem envoltos em uma bela doutrina que fundamenta a existência real da liberdade de pensamento. Pensam o que querem, mas tornam público somente o que convém. O resto é guardado, a cadeados, nas profundezas do metafísico humano.
Por esta perspectiva, nota-se que a liberdade de pensamento, como todo mecanismo, obedece a uma lógica, não menos fria e calculável do que a dos processos industriais: há uma espécie de “barreira moral” que “seleciona” do conjunto de pensamentos aquilo que se tornará manifesto e o que permanecerá latente. Tal “barreira” baseia-se em influências de cunho cultural e social sofridas pelo sujeito. O limite desse tipo de liberdade é instituído, essencialmente, por aqueles que a inventaram.
Logo, esta liberdade de pensamento no ideal humano não passa de uma frágil quimera, que não resiste à impetuosa força das conveniências, um clichê, que em sua generalidade vazia, impede qualquer contato, de fato, com a condição real de limitações. Essa utopia que consiste na possibilidade de falar abertamente sobre o que se pensa, condiz com a propaganda democrática vinculada, cada vez mais freqüente nos dias atuais, como sendo uma das garantias contra um governo corrupto ou tirânico.
O fato é que a postura adotada consiste, não em expressar o que se deseja, mas sim, em expressar o que se deve, baseando-se em um conceito primitivo: a autoconservação. Não se prefere o direito à liberdade de pensamento do que o direito à vida, escolher o primeiro seria contraditório e irracional. Assim, as conseqüências implicadas no ato de manifestar-se abertamente acerca dos próprios pensamentos, se tornam mais considerados e sujulgam o próprio ato em si, provando a existência nítida de limites na relação de expressar-se.
Sendo assim, o emprego do vocábulo “liberdade” não é coerente e, portanto, “liberdade de pensamento” é algo que somente habita o imaginário e jamais pisou na realidade. Nunca se tornará abusiva, já que nunca sequer existiu.